terça-feira, 20 de julho de 2010

Ídolo bom é ídolo morto...

Morte. Você tem medo da morte? Se tem, com certeza você não é famoso, não é incrivelmente talentoso, nem tem potencial para ser um ídolo. A morte não significa nada para quem é realmente uma grande estrela, alguém que está disposto e destinado a brilhar além de qualquer causa. Quem é estrela, estrela de verdade, brilha ainda mais depois que a chama da vida se apaga.

Sem enrolar muito, pois estou impaciente, vamos logo aos exemplos:

John Lennon, quem é John Lennon? Ele é simplesmente cultuado em todo canto, um dos meninos de Liverpool, que segundo um monte de pessoas, fez a maior parceria do mundo da música com Paul MacCartney. E quem é Paul MacCartney? No início, ele também era ovacionado por todos, afinal, fazia parte dos Beatles; mas agora (aqui pra nós), todos o reconhecem como um velho que casa e descasa, casa e descasa. Confesso que exagerei, mas todo mundo terá que confessar que entre John e Paul há um enorme campo de morangos separando para sempre a forma como os dois são reconhecidos. São dois Sirs, mas um está vivo e outro morto...

Michael Jackson. Para não acharem que mudei de ídolo bruscamente, sem fazer nenhum tipo de ponte, saibam que Michael tem uma ligação com os ídolos já mencionados: certa época ele adquiriu algumas músicas dos Beatles, o que rachou sua amizade com Paul. Isso não incomodou John, porque, como se sabe, ele morreu. (Comecem a ver as vantagens de morrer) Ponte feita, vamos lá. Michael Jackson sempre foi tido como alguém muito talentoso, ídolo extremo, que se preocupava com as pessoas e com o mundo, e o único defeito que tinha era trabalhar demais. Bateu vários e vários recordes. Mas aí os anos foram passando, a carreira entrou em declínio, já não lançava novidades e acumulava escândalo em cima de escândalo. Ficou conhecido como excêntrico, viciado, em plásticas e remédios... e  foi até acusado de abusar criancinhas. Mas voltou, em meio a muita desconfiança e expectativa, e anunciou novos shows. Morreu antes de fazer o primeiro e... vendeu, vendeu, vendeu, vendeu, vendeu e vendeu; e virou mocinho, mocinho, mocinho, mocinho, mocinho e mocinho. O fato é, que mesmo depois de ter morrido, ninguém bate Michael Jackson.


Elvis Presley. Como ligação, posso dizer que Michael também comprou umas músicas de Elvis, mas não vou reciclar as pontes porque podem cair. Michael já foi casado com a filha de Elvis, Lisa Marie Presley - aquela mesmo, do clipe You Are Not Alone. Bem, isso não interessa, porque nem depois de morto o Rei do Rock teve seu posto roubado. Pelo contrário; sua fama só cresceu e todo mundo insiste em dizer que "Elvis não morreu". Tinha problemas, ficou gordo e abusava dos remédios, mas não deu tempo de fazer besteira grande o suficiente para manchar sua imagem e então morreu.

Ayrton Senna. Bem, não há ponte que chegue para ligar Senna a Elvis. Vai assim mesmo. Todo mundo sabe que, mesmo em vida, Senna era um ídolo dos mais adorados. Isso explica-se só pelo fato do brasileiro adorar fórmula-1 e haver pouquissímos representantes capazes de representar bem o Brasil no esporte e trazer títulos. Dois outros pilotos obtiveram algum respeito entre os torcedores antes de Senna: Nélson Piquet e Emerson Fittipaldi. Ambos ganharam campeonatos, Piquet levou 3 e Emerson faturou 2. Apesar de Senna ter ganho também por três oportunidades, os números mostram a sua superioridade. Ganhou dois título seguidos, e antes destes, conseguiu ficar em segundo, e antes, já tinha ganho um título. Tirando o ano de estreia, no qual ficou em nono no campeonato, o pior dos resultados que teve foi o quarto lugar. Talvez o número maior de vitórias e sua personalidade tenham feito dele o ídolo que foi. Ayrton Senna fez uma carreira meteórica! Mas ainda insisto: o fato de ter morrido, quando todos tinham a esperança de mais títulos, comoveu a nação, e, com certeza, aumentou muito mais o ídolo que ele é.



Coisa que não aconteceu com o próximo personagem a ser relatado. É um esportista e seu esporte é o mais amado no nosso país. Fez mais de MIL gols e em todos os lugares que vai (talvez com exceção da Argentina) é considerado o melhor no que fez! Pelé. Ele deveria ser endeusado, não deveria receber nenhuma crítica, merecida ou infundada, e não deveria, sob hipótese alguma, ser achincalhado. Mas todos nós sabemos que isso não é bem assim. Simplesmente porque ele está vivo e, portanto, sujeito a fazer merda.

Voltando a música, vamos falar do Rolling Stones. Hoje, depois de 48 anos de atividade, quem liga pro Rolling Stones? Eles são considerados apenas uns velhos gagás que estão caindo aos pedaços e que não têm mais nada a acrescentar. Fazem turnê após turnê e sempre vendem ingressos e lotam os shows. Mesmo assim ninguém liga para eles. Tá, eles também não estão nem aí para mim, estão todos ricos e já fizeram tudo que qualquer um sonha em fazer... provavelmente. Mas como ídolos, é o típico "já passou da hora de ter morrido", e periga morrerem sem serem lembrados; mas talvez ainda dê tempo de morrerem dignamente.

Não importa como morreram, se foram assassinados, se tiveram overdose, se pegaram AIDS ou se cometeram suicídio. Depois que grandes ídolos se vão, aí mesmo é que começam a nascer para a estrondosa fama. É só pensar no que tem de garotos que ainda molhavam a cama enquanto o Legião Urbana fazia sucesso e hoje amam Renato Russo. Ou que tal lembrar das milhares de pessoas, que como ratos saindo das tumbas, de repente, surpreendendo a todos, revelaram-se fãs incondicionais de Michael Jackson. Seja construindo o sucesso aos poucos, solidamente, como Michael, ou surgindo de repente como um sucesso efêmero com final trágico, a exemplo do Nirvana e do Mamomas Assassinas, quem nasce com a bunda virada para a lua estará sempre brilhando mesmo se virar um pouquinho pro lado.

Como tudo na vida tem que acontecer na hora certa, escolher uma boa hora para morrer é um dos segredos para vencer a morte. Morto ou vivo, não importa; simplesmente faça coisas grandes e será lembrado por um bom tempo. Mas se você quer ser realmente importante, além de talento e carisma, tenha o bom senso de só fazer coisas certas e morrer o mais rápido possível. Ou, tudo bem, se você é um ídolo, continuará sendo um ídolo para sempre; mas se você está vivo, saiba de uma coisa: você ainda será muito xingado. Mas se serve de consolo, eu digo: Não se preocupe, todo mundo morre! E depois de morto, você só terá qualidades, porque se você deixar saudades, você viverá para sempre!

Off: Postagam ruim... Não me xinguem... Nem leiam...